terça-feira, agosto 02, 2005

Tédio.

Não sei porquê, não devo ter essa capacidade e tenho pena, estava agora a comentar com um amigo o facto de todas as noites me dar vontade de escrever, de me expressar e não o fazer pura e simplesmente porque tenho preguiça, porque digo " Amanhã escrevo qualquer coisita. ". Nada me irrita mais do que a minha própria inércia. Nada me tira mais do sério do que a minha inutilidade como escritor...
Tenho frequentemente pensamentos que acho que poderia partilhar com alguém, com as 0 pessoas que lêm este blog, por exemplo, e todos os dias, invariavelmente, ou me esqueço, ou tenho preguiça de as escrever.
Vocês, pessoas que não existem, são uns priveligiados por presenciarem um momento que contraria o natural fluir das coisas. Sim, eu estou a escrever.

É engraçada esta coisa do escrever porque achamos sempre que nos vai sair qualquer coisa da cabeça que vai fazer o texto continuar, eu estou a ter um daqueles momentos em que me estou a esforçar, mas não estou a conseguir, uma espécie de prisão de ventre mental que me acontece frequentemente quando quero contrariar a minha inaptidão para a escrita.
Não devo ter mesmo jeito para estas coisas.

Tive ontem a ler Pessoa, com a minha irmã. Peguei no livro de Português do 12º ano e comecei a ler poemas de Álvaro de Campos e Caeiro e ocorreu algo de curioso. Aquilo pareceu-me bonito, mais bonito do que o normal bonito que achamos por definição quando lemos Pessoa, simplesmente porque é Pessoa. Aquilo fez sentido, aquilo tocou-me. Senti-me feliz por saber que também consigo sentir a magia da poesia, também consigo ler com olhos de ver, ler de mente aberta que é algo que acho que até hoje nunca tinha conseguido fazer bem. E gostei.

*momento de paragem cerebral/*

Eu não tenho filosofia: Tenho sentidos
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe porque ama, nem o que é amar.
/Alberto Caeiro

E agora esperava-se que eu fosse fazer uma reflexão qualquer sobre isto, mas acho que não estou muito para aí virado. Eu sei o que amo e o que é amar, e não é um guardador de rebanhos que me vai convencer do contrário. Claro que o contexto em que ele escreveu e o contexto em que eu me situo é completamente diferente, mas tinha que desabafar qualquer coisa estúpida.

Pensamento Aleatório do Dia : As loiras escandalosamente pintadas irritam-me.

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Pois,realmente é chato quando isso nos acontece,querer escrever sem ideias...ou com ideias confusas! ainda pior!!!...mas pode-se dizer que a arte vem de um organizar de pensamentos, portanto: continua assim!Acredita que os teus textos, a tua filosofia é realmente de louvar. we see that in your eyes!

3:27 da tarde  
Blogger patiXa_ said...

Isso é tudo muito subjectivo. Tu próprio sabes que eu sou ultra preguiçosa, mas quando se trata de escrever ninguém me pára. Quando me apetece escrever, nem que esteja a cair de sono, eu pego num lápis e escrevo. E nem sempre escrevo coisas boas.
Mas escrever bem nem sempre é uma prioridade. Tens é que ser genuíno, primeiro que tudo, e tens de agradar a ti próprio. Quando os teus olhos gostarem do que lêem, estás pronto para agradar os outros, seja isso um objectivo teu ou não.

E tu não escreves mal.
E se te falta inspiração, não te preocupes, porque ela vem sempre. Só tens de a aproveitar na altura certa, e não deixá-la passar por ti por causa dessa preguiça.
Tens de passar além da preguiça, lembraste?

=)

1:42 da tarde  

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